Fazer intercâmbio em família está cada vez mais comum. Pais e mães que têm vontade de estudar e morar fora por um tempo acabam incluindo os filhos no plano, e partem para uma jornada de desafios, aprendizado e também, é claro, descobertas e diversão. O melhor de viver essa experiência em família é que um apoia o outro durante essa “aventura” num país desconhecido. 

Em uma série de posts, nós contamos aqui no site da Tagarela Intercâmbios como tem sido a jornada de famílias de estudantes na Austrália. 

Neste post você vai conhecer a história da Larissa Puchalski e do Leonardo Zanette, que partiram para o intercâmbio em casal, chegaram em Sydney em 2022, e após se mudarem para Hobart, na Tasmânia, tiveram seus filhos gêmeos, Ben e Daniel, em outubro de 2023. 

Ideia de fazer intercâmbio

Larissa, natural de Porto Alegre, conheceu Leonardo quando morava em Florianópolis, cidade natal dele. Os dois trabalhavam na mesma empresa, de comércio exterior, e começaram a namorar. 

O interesse pelo intercâmbio já existia por parte dos dois, como conta Larissa: “Ambos já tínhamos interesse em fazer intercâmbio, mas não sabíamos para onde. Quando minha irmã e meu cunhado vieram para a Austrália, foi um ‘start’ para começarmos a amadurecer essa ideia, agora juntos.” 

Eles chegaram a cogitar outros lugares para fazer intercâmbio, como países na Europa, mas acabaram optando pela Austrália, muito por influência da irmã e do cunhado da Larissa que já estavam na terra dos cangurus.

Planejamento

Como a decisão do casal de fazer um intercâmbio na Austrália foi tomada em 2020, em plena pandemia da COVID-19, quando as fronteiras do país estavam fechadas para estrangeiros, Larissa e Leonardo tiveram mais tempo para fazer o planejamento da viagem deles.

“A gente tomou a decisão definitiva de vir para a Austrália quando estávamos na pandemia, na metade para o final de 2020. Então como tínhamos que esperar a fronteira abrir novamente, tivemos esse tempo para nos organizar financeiramente”, explica Leonardo. 

E deu tempo até de eles organizarem a festa de casamento no Brasil, antes de embarcarem para a terra dos cangurus. “Foi bom que pudemos reunir a família e os amigos para celebrar juntos, antes de vir para o outro lado do mundo”, conta Larissa. 

O casal embarcou para a Austrália em 2022 com um visto de estudante em que a Larissa era a titular e o Leonardo dependente. Larissa estudou seis meses de inglês e quando eles solicitaram o visto seguinte, o Leonardo passou a ser o titular e a Larissa dependente. Ele estudou inglês e em seguida fez um curso VET, técnico, de Gestão de Projetos.

Larissa e Leonardo na chegada a Sydney, em 2022.

Adaptação

Larissa e Leonardo passaram por duas fases de adaptação dentro da Austrália. A primeira, logo que chegaram no país, em Sydney, e depois de um ano, quando se mudaram para Hobart, na Tasmânia. 

Leonardo diz que se adaptar a Sydney não foi difícil. “Nós amamos morar em Sydney. É uma imersão cultural sem comparações e o que ajuda muito é a facilidade em conseguir emprego nesse primeiro momento vivendo em outro país. Lá tem muita coisa para fazer, muitos lugares para conhecer, sem falar nas praias, que são maravilhosas. Não tem como ficar entediado em uma cidade assim”. 

A mudança de cidade depois de um ano teve alguns motivos, como conta a Larissa: “Desde a nossa vinda para a Austrália, em 2022, sabíamos que em algum momento viríamos para Hobart, pois temos família (minha irmã e meu cunhado) e amigos (do Brasil), morando aqui. Quando começamos a pensar sobre emigrar, fez ainda mais sentido mudar para uma cidade considerada regional”. 

Mas a segunda adaptação dentro da Austrália já não foi tão fácil assim: “Foi um pouco difícil. Hobart é uma cidade pequena, considerada interior. Então não tem muita coisa para fazer se compararmos com Sydney. E também foi um pouco mais difícil entrar no mercado de trabalho, mesmo para a Larissa, que trabalha em hospitality (hotelaria)”, explica Leonardo.

Gravidez e nascimento dos filhos

Pouco antes de se mudarem de Sydney para Hobart, Larissa descobriu que estava grávida. A gravidez foi um susto para o casal, que planejava ter filhos, mas não naquele momento. 

Larissa e Leonardo descobriram a gravidez quando ainda estavam em Sydney, já com planos de se mudar para Hobart, na Tasmânia.

Quando estavam um pouco mais acostumados com a ideia, foram fazer o primeiro ultrassom e descobriram que eram gêmeos. “Eu comecei a chorar e o Leo demorou a entender que eram dois bebês. Com a notícia, chegamos a pensar em voltar para o Brasil, com medo de que fosse muito difícil ter gêmeos aqui na Austrália, longe da família e no visto de estudante”, conta Larissa. “Mas quando soubemos que o seguro de saúde que tínhamos ia cobrir todo o pré-natal e o parto, ficamos um pouco mais tranquilos”. 

O OSHC, Overseas Student Health Cover, seguro de saúde obrigatório para estudantes internacionais na Austrália, tem carência para algumas coberturas, entre elas a de pré-natal e parto. Para isso, a carência é de 12 meses. Larissa diz que quando eles descobriram a gravidez, faltava um mês para completar esse período. 

Ela explica: “Pagamos por pouquíssimos exames. Foi um exame de sangue, o primeiro ultrassom que fizemos, quando ainda não tínhamos completado o período de carência, e depois mais um ultrassom que fizemos em um laboratório particular. Fora isso, o Bupa (empresa que eles contrataram para o OSHC) cobriu todas as consultas de pré-natal, exames, parto e internação na maternidade”. 

Assim que os bebês nasceram o casal já alterou o OSHC deles para o de família, e eles foram incluídos no seguro de saúde dos pais. Ben e Daniel nasceram em outubro de 2023 em um hospital público de Hobart, na Tasmânia. “Fomos muito bem atendidos, com muito respeito e atenção. Nos sentimos muito seguros e bem assistidos durante todo o período que passamos no hospital”, relata Larissa.

Nova rotina com os bebês

Como Larissa e Leonardo estavam morando em Hobart quando os bebês nasceram, já teriam naturalmente a ajuda da irmã e do cunhado da Larissa se precisassem, mas puderam contar com um apoio extra pois a mãe da Larissa veio para a Austrália para o nascimento do Ben e do Daniel, e até hoje (os bebês estão com oito meses e meio) está ajudando a cuidar dos netos na Tasmânia. 

Mesmo assim, algumas mudanças tiveram que ser feitas na rotina do casal antes e após a chegada dos filhos, como explica Larissa: “Por ser uma gravidez gemelar, tive que ter alguns cuidados a mais, e por isso parei de trabalhar com sete meses de gestação. Na época eu trabalhava em hospitality (hotelaria), e aos poucos fui diminuindo os shifts. Voltei a trabalhar apenas agora que eles estão com 8 meses e meio. Durante todo esse tempo apenas o Leo seguiu trabalhando, e eu em casa, cuidando dos bebês com a ajuda da minha mãe, que veio para nos dar esse ‘help’ com os gêmeos.” 

Ideia inicial e planos futuros

Leonardo diz que a ideia inicial do casal era apenas fazer um intercâmbio, de no máximo dois ou três anos, e voltar para o Brasil. Mas quando chegaram no país gostaram muito, e depois que os filhos nasceram, tiveram ainda mais vontade de tentar conquistar um visto permanente para ficar na Austrália. 

“Apesar de saber que nossos filhos estão crescendo longe de grande parte da família, a nossa ideia é criá-los aqui, pela segurança, educação, oportunidades, estilo de vida. São muitas as coisas que fazem a gente seguir firme e forte na nossa decisão”, argumenta Leonardo.

Larissa e Leonardo dizem que querem criar os filhos na Austrália pela segurança, educação e oportunidades que o país oferece.

Larissa completa, citando o que mais eles gostam de morar na Austrália: “Qualidade de vida, segurança, a estrutura das cidades. Mesmo aqui no “interior” tudo é organizado, limpo, funciona. O estilo de vida australiano também, que é mais tranquilo que a correria do Brasil, e isso nos chama muito a atenção aqui.”

Aos casais que pensam em fazer intercâmbio na Austrália e ter filhos no país, Leonardo diz: “Com certeza é desafiador, mas na mesma medida é maravilhoso saber que vamos dar aos nossos filhos oportunidades em um país com estrutura, segurança e educação em todos os sentidos.”

Sobre a relação com a Tagarela, agência que Larissa e Leonardo escolheram para cuidar do intercâmbio deles, o casal fala: “Nossa relação com a Tagarela é maravilhosa, só tenho a dizer que são como amigos que nos ajudam quando precisamos, de verdade. Desde o momento que começamos apenas a fazer algumas cotações lá em 2020,  ainda no Brasil, a Cami (consultora que nos atendia na época), nunca nos deixou desamparados. Só elogios e agradecimentos a essa agência maravilhosa.”

Fotos: Arquivo pessoal

Sobre o autor

Mariana Gotardo

Mariana Gotardo é jornalista com experiência de mais de 20 anos em TV no Brasil. Já foi repórter, apresentadora e editora. Desde 2015 mora na Austrália e produz conteúdo sobre intercâmbio em texto e vídeo.

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