As histórias de pessoas que vieram fazer intercâmbio na Austrália, se apaixonaram pelo país e resolveram achar um meio de ficar são mais comuns do que imaginamos. Algumas dessas pessoas chegam a mudar de profissão para conquistar o objetivo de ter o visto permanente no país.

Esse é o caso da Natalia Frizzo, mineira que passou boa parte da vida em Porto Alegre, no RS, antes de vir para a Austrália, sete anos atrás. Natalia tem formação e experiência profissional em publicidade e marketing no Brasil. 

Na Austrália ela chegou a fazer cursos nessa área, até decidir que queria ficar no país e ver que o caminho poderia ser mais longo e difícil se ela optasse por se manter no marketing. 

Depois de morar um bom tempo em Sydney, ela optou por se mudar para Gold Coast em 2020 e fazer o curso técnico (VET) “Certificate III in Instrumentation and Control” (Certificado III em Instrumentação e Controle) na EIM Training, instituição de ensino que oferece cursos técnicos para estudantes internacionais e locais. 

Nesse post você vai conhecer um pouco da história da Natalia e saber o que ela tem a dizer sobre o curso de instrumentação e controle, além das possibilidades que essa formação oferece. 

Como é o curso 

O Cerificate III in Instrumentation and Control na EIM Training, onde a Natalia estudou, tem duração de 24 meses.

O site da escola descreve o curso da seguinte forma: “o Certificado III em Instrumentação e Controle fornece aos alunos conhecimentos e habilidades abrangentes em instrumentação,  automação e controle de processos. Essas habilidades e conhecimentos estão altamente classificados na lista nacional de escassez de habilidades (funções que tem alta demanda e falta de profissionais qualificados na Austrália)”. 

Natalia, que se formou no curso no final de 2022 e já está em busca de trabalho na área, diz que grande parte dos colegas dela de curso eram engenheiros nos seus países de origem, pelo fato de o curso ter relação com a área de engenharia. Alguns deles eram brasileiros, mas também havia muitos falantes de espanhol e europeus de diversos países. 

“Eu gostei muito de fazer o curso. Os professores na EIM Training são muito pacientes, atenciosos e me explicavam tudo, principalmente na parte de física, já que eu não tinha nenhum conhecimento na área. E o fato das aulas serem presenciais facilita o aprendizado, já que os professores estão o tempo todo disponíveis”. 

Natalia explica que “esse curso é voltado a te preparar para trabalhar com aparelhos de medição (de temperatura, pressão, nível) na indústria, seja ela alimentícia, de bebidas, ar condicionado, painéis solares e até mineração. Ou seja, tem muito mercado para quem tem essa formação”. 

Ela destaca que esse mercado não é dominado por homens. “Há muitas mulheres que se qualificam e atuam nessa área na Austrália”.  

Oportunidades pós-formação 

Natalia afirma que o curso não é fácil para quem não tem formação anterior ou alguma noção da área de elétrica porque tem bastante cálculo e física. “Mas é um curso que te abre muitas portas, pois te prepara para ser assistente de técnico nesse ramo tão abrangente, com bons salários já que há carência de profissionais”. 

Segundo Natalia, justamente pela falta de trabalhadores qualificados nessa área na Austrália, fazer esse curso gera possibilidades de visto de trabalho e consequentemente de visto permanente no país. “Para quem já atua nesse setor no Brasil, fica ainda mais fácil conseguir emprego e um caminho para a residência aqui”. 

Sobre as possibilidades de vistos, Natalia diz que é possível aplicar para o Temporary Graduate visa (485) logo após o fim do curso, o que ela já fez. Nesse visto (que no caso da Natalia tem duração de um ano e meio) a pessoa pode trabalhar sem limite de horas e não precisa estudar. É um visto concedido para formandos em alguns cursos VET (técnicos) e de ensino superior, justamente para a pessoa trabalhar na área de formação e ganhar experiência. 

“Após a formação no curso de instrumentação e controle também é possível dar entrada no pedido de visto de trabalho para profissionais qualificados ou no visto de patrocínio por parte da empresa para a qual você for trabalhar. Ou seja, são várias possibilidades de visto”, destaca Natalia. 

Ela conclui dizendo que esse curso não é oferecido em muitos lugares da Austrália e que há poucas pessoas fazendo. “Por isso, quem se forma nele tem muitas oportunidades. Eu realmente indico para as pessoas fazerem porque é um curso muito bacana. Eu já estou procurando emprego na área e fui muito bem recebida nos lugares onde fui fazer contato até agora”. 

Morar em Gold Coast

Sobre a vida em Gold Coast, Natalia afirma que é muito boa, principalmente para quem, como ela, gosta de praticar esportes e aproveitar o dia. “Eu gosto de futebol, tenho o meu time de futebol aqui e desde que me mudei para cá estou aprendendo a surfar. Surfo sempre que posso”.

Ela também destaca que as praias são lindas e que é possível fazer caminhadas em meio à natureza. 

Natalia começou a surfar depois que se mudou para Gold Coast. Ela destaca que a cidade é um bom destino para quem pratica esportes.

Mas apesar dos pontos positivos, Natalia diz que Gold Coast, por ser uma cidade relativamente pequena se comparada com as grandes metrópoles australianas, não oferece tantas opções culturais e gastronômicas como Sydney, por exemplo, onde ela já morou, que é uma cidade muito maior.  

“O transporte público não é tão bom, o comércio todo fecha mais cedo, exceto em Surfers Paradise (centro da cidade) e não há tantas opções culturais, gastronômicas e de entretenimento quanto nos grandes centros. Para quem gosta de viver numa metrópole, Gold Coast não é ideal”, reforça Natalia.  

Mas ela lembra que a cidade fica bem próxima (uma hora de carro) de Brisbane, que é a terceira maior cidade do país e oferece muitas opções nesse sentido.

E completa: “Vale a pena vir para Gold Coast fazer o curso, para quem busca um visto de trabalho ou permanente. Depois a pessoa pode se mudar, se quiser”.

Sobre o autor

Mariana Gotardo

Mariana Gotardo é jornalista com experiência de mais de 20 anos em TV no Brasil. Já foi repórter, apresentadora e editora. Desde 2015 mora na Austrália e produz conteúdo sobre intercâmbio em texto e vídeo.

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