Quem nos dá a resposta à pergunta do título do post é a Ana Gabriela Laverde, mentora de carreiras que atua em um sindicato de trabalhadores na Austrália prestando consultoria aos filiados. 

Clareza nos objetivos profissionais

A Gabi começa destacando que o primeiro passo para uma aplicação de emprego bem-sucedida é ter um plano de carreira claro, com objetivos claros e comprometimento para atingi-los. 

Ela diz que quando estamos buscando emprego, principalmente quando começamos do zero, temos a sensação de que não podemos ser assertivos, que precisamos aceitar o que vier, e que depois que adquirirmos experiência naquilo, a gente pensa em como trilhar o caminho profissional que queremos. 

“Essa não é uma boa estratégia porque dependendo de onde você conseguir o seu emprego, você vai ser exposto a um tipo de experiência, com habilidades e conhecimentos específicos relevantes para aquela indústria específica, e não necessariamente para tudo”. 

O que colocar no currículo e na carta de apresentação (cover letter)

Segundo passo: entender o que os empregadores querem com a aplicação, o que eles estão procurando e por que isso é importante para eles. Assim você vai saber o que colocar no seu currículo, na cover letter (carta de apresentação muito utilizada em processos seletivos para vagas de trabalho na Austrália) e falar sobre isso nas entrevistas. 

Na opinião da Ana Gabriela, modelos de currículo e templates de cover letters encontrados no Google geralmente não são efetivos. 

“A cover letter é para você falar dos requerimentos da vaga, como você já teve a oportunidade de desenvolver aqueles requerimentos e que portanto você será efetivo(a) na vaga para a qual está se candidatando. É importante citar cada ponto dos requerimentos solicitados para a vaga e falar sobre a sua experiência prática em cada um desses pontos”. 

Importância do currículo no processo seletivo

Gabi diz que para os empregadores, o currículo e a cover letter (carta de apresentação) são utilizados para juntar informações sobre a pessoa e analisar se ela é um “investimento” que vale a pena, ou seja, um(a) candidato(a) que deve ir adiante no processo seletivo e ser chamado(a) para uma entrevista, por exemplo. 

“Eu gosto de chamar de ‘investimento’ porque os seis primeiros meses que você trabalha para uma empresa é a fase em que você está aprendendo a desempenhar aquela função e se adaptando à empresa. É uma curva de aprendizado pela qual você passa e não é esperado nesse período que você leve resultados efetivos para os empregadores e a empresa ainda”. 

Demonstrar interesse em permanecer na empresa

Isso, segundo Ana Gabriela, está se tornando um problema para as empresas porque as pessoas não estão ficando tempo suficiente nos seus empregos para que isso “se pague” para os empregadores. Ela destaca que estudos tem demonstrado que 67% dos empregos terminam antes do final do primeiro ano, o que faz com que os empregadores percam dinheiro quando contratam pessoas novas. 

“Por isso eles tem buscado o máximo de informações possíveis sobre cada candidato(a) para saber se ele(a) tem a capacidade de fazer o trabalho para o qual está sendo contratado(a), mas também que ele(a) tem a intenção de ficar na empresa”.  

A Gabi ressalta que isso faz com que seja muito importante que no seu currículo e cover letter você inclua informações específicas para a empresa onde quer trabalhar, como por exemplo o que faz você querer trabalhar nessa empresa e não em uma outra do mesmo ramo ou como você vê sua carreira se desenvolvendo em cinco anos nessa empresa especificamente. 

“O currículo e a cover letter devem ser muito específicos não só para aquela vaga de emprego, mas para a empresa também. Você precisa colocar muito tempo e dedicação nesse processo quando vai se candidatar a uma vaga, e por isso o primeiro passo é decidir os seus objetivos e buscar vagas que te proporcionem chegar onde quer profissionalmente”. 

Tempo e dedicação para conquistar uma vaga

Mas Ana Gabriela nos tranquiliza com relação ao tempo que vamos gastar se formos nos candidatar a mais de uma vaga de emprego dizendo que “se você está aplicando para uma indústria, tipo de trabalho e nível de experiência específicos, os requerimentos das vagas vão ser muito similares, então você não vai ter que refazer o documento inteiro para cada vaga, mas você deve selecionar a informação que está colocando ali e ter certeza de que é pertinente para aquela vaga”. 

Ana Gabriela completa dizendo que é obrigação do candidato filtrar as informações que serão passadas ao empregador e ter certeza de que cada “ponto de informação” citado no currículo e na cover letter é relevante para a empresa e para a vaga de trabalho à qual está se candidatando.

Photo by Markus Winkler: https://www.pexels.com/photo/job-application-form-on-a-vintage-typewriter-12199407/

Sobre o autor

Mariana Gotardo

Mariana Gotardo é jornalista com experiência de mais de 20 anos em TV no Brasil. Já foi repórter, apresentadora e editora. Desde 2015 mora na Austrália e produz conteúdo sobre intercâmbio em texto e vídeo.

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